O que é sick-lit e Playlist #3

Quando eu comecei a ler, uns dez anos atrás, lembro que eu só conhecia dois gêneros da literatura: ficção e não-ficção. Nessa época, eu lia de tudo. Fantasia, romance, chick-lit... o que caísse na minha mão era lucro. Fui crescendo e ficando chata, preferindo uns gêneros e fugindo de outros. Com o passar do tempo, entraram e saíram de moda vários tipos de livros: de bruxo, de vampiro, distopia, safadeza (50 tons de qualquer coisa)... e, pelo que parece, a moda do momento é o tal do sick-lit. Mas afinal, o que é isso?

Sick; doente, enfermo, nauseado, fatigado, aborrecido, enjoado.

Até agora só li em apenas um lugar sobre o novo gênero, que foi n'O Globo.  Como o nome já diz, se refere a obras que tratam doenças em geral. O provavelmente mais conhecido no momento é o A Culpa é das Estrelas, do John Green, que fala sobre câncer... mas não é um livro sobre câncer. Ahn? Como assim? Eu explico.

Quando pensamos em doenças em livros, logo pensamos naquela fórmula mágica à la Nicholas Sparks: um casal se conhece, se apaixona, tem uma doença no meio, alguém morre e você chora um rio de lágrimas. Fim. Não que esse tipo de livro seja ruim, mas se não for bem escrito, torna-se uma leitura rasa, bem água com açúcar que te acrescenta nada (ou quase nada).

Em A Culpa é das Estrelas, temos uma personagem e o próprio autor que não definem o câncer como tema principal da obra. O livro é muito mais do que isso; não é apelativo, não força, não trata a doença como algo terrível e sem um caminho para a felicidade uma vez que é descoberta. É um livro real e sincero, e talvez seja por isso que fez tanto sucesso.

Os sick-lits prometem tratar não só doenças terminais, como também todos aqueles temas que pareciam ser tabu na literatura: suicídio, auto mutilação, depressão e outros. Meio mórbido? Juro que se bem escrito, funciona.

Entretanto, há uma discussão ocorrendo sobre o assunto: será que esses livros devem ser vendidos normalmente como YA, ao lado de livros mais leves como Anna e o Beijo Francês, por exemplo? Particularmente, eu não acredito que livros sejam ditadores de atitudes. Claro que influenciam e é claro que interferem na vida de uma pessoa, mas não acredito que tenham o poder de fazer uma pessoa pensar “Ei! Que legal! Vou sair matando meus amiguinhos porque li isso num livro!”. Se assim fosse, teríamos uma geração de drogados que leram Christiane F, como é dito na mesma notícia. Lá também é citada uma frase do Eduardo Spohr que eu concordei muito, que diz o seguinte: “Eu acredito em bons livros. E os bons livros serão lidos, seja de qual gênero forem”.

Como sempre acontece, teremos livros bons e ruins. Lembra quando a moda do momento eram distopias, e tivemos livros ÓTIMOS e livros PÉSSIMOS? Provavelmente o mesmo vai acontecer aqui. Por isso, separei alguns livros que seguem a linha sick-lit para vocês em mais uma versão do PLAYLIST.

Playlist é uma coluna do blog onde iremos organizar livros com um mesmo assunto em comum e falar sobre eles.

A Guardiã da Minha Irmã, Jodi Picoult (1) é um dos meus livros favoritos do mundo. A doença “tema” é a leucemia. Leiam esse livro. Só. Leiam.

A Culpa é das Estrelas, John Green (2) como dito anteriormente fala sobre câncer. Livro belíssimo, leiam. E se puderem, leiam tudo do John Green!!

As Vantagens de Ser Invisível, Stephen Chbosky (3) só tá com essa capa na ilustração porque eu amo de paixão, mas foi relançado há pouco tempo com a capa do filme. O Charlie, personagem principal, sofre de depressão.

Os Treze Porquês, Jay Asher (4) também está no meu top 10 favoritos do mundo e fala, entre outras coisas, sobre bullying e suicídio.

It’s Kind of a Funny Story, Ned Vizzini (5) ainda não foi traduzido para o Português, o que é uma pena, pois é um livro fantástico. Também fala sobre depressão e tentativa de suicídio.

Stolen, Lucy Christopher (6) trata sobre a síndrome de Estocolmo, aquela que o sequestrado se apaixona pelo sequestrador. Ainda não li, porém está na minha lista de “em breve”.

Extraordinário, R. J. Palacio (7) eu também não li ainda, porém já conta com resenha no blog. Auggie, personagem principal, tem uma anomalia crânio-facial.

E por último mas não menos importante, Garotas de Vidro, Laurie Halse Anderson (8) é o livro que eu estou lendo no momento e adorando. Entre outras coisas, fala sobre a anorexia.

E aí, gostaram? Já leram algum livro que possa se encaixar nesse novo gênero? Acham que livros são capazes de influenciar negativamente alguém? Eu, particularmente, não gosto do termo "sick-lit". É pejorativo, não soa bem. No entanto, tenho que confessar que é um dos meus gêneros favoritos. Amei praticamente tudo que li que se encaixa no novo gênero, e estou super ansiosa pra ler outros do mesmo tema. Deixem suas opiniões nos comentários!