Intervenção

Há exatos 368 dias, os autores deste blog decidiram que queriam dar uns beijos, e têm dado desde então. Como são um casal que usam toda e qualquer data comemorativa (desde natal até páscoa, passando por Tiradentes e desaniversários) como desculpa para troca de livros, este dia não foi diferente. Eis o resultado.

Sim, isso mesmo. Entre todos os livros do universo, todas as milhares de opções, todos os livros na infinita lista do Vou Ler, conseguimos comprar o mesmo livro um para o outro. Genius.

Mas tudo bem, esse não é o foco do post. O foco do post é

Sim, isso é uma intervenção.

Quem assiste How I Met Your Mother sabe que as intervenções acontecem quando um (ou mais) personagem (ou agens) começa a agir de maneira não ok para o resto do grupo (E quem não assiste How I Met Your Mother, deveria assistir). Então, sim, intervenção. Porque agora que temos não um, mas dois exemplares do primeiro volume da série Desventuras em Série, está mais do que na hora de obrigar sugerir a leitura para todas as pessoas do mundo.

Ou pra quem lê o blog. Já tá valendo.

Desventuras em Série conta a história dos três filhos Baudelaire que logo se tornam os três órfãos Baudelaire, e que precisam fugir a todo e qualquer custo de Conde Olaf e sua trupe, pessoas muito más que querem roubar a herança dos já então órfãos, narrando todos os seus infortúnios e desventuras que encontram pelo caminho.

Eu sei que dois pensamentos acabaram de passar pela cabeça de vocês, e eu vou responder ambos:

Pensamento Número Um

“Eu já ouvi isso, será que não tem um filme?”

Sim. É um filme que estrela Emily Browning (O Mistério das Duas Irmãs, Sucker Punch) e Jim Carrey (is this necessary?). Na primeira vez que assisti o filme eu estava na quarta série, e venho assistido desde então. (algumas vezes. Tá, muitas vezes. Tá bom, mais de 42 vezes (sério, eu contei) (na verdade parei de contar na 42ª vez, tava me perdendo nas contas já)).

Pensamento Número Dois

“Esse enredo não é um pouco... bobo?”

Desventuras em Série é considerada literatura infantil em alguns países, não me perguntem o porquê. Tá que as capas são coloridinhas e a primeira vista pode soar como uma série boba, mas totalmente não é.

Então vamos lá: “por que essa série é tão boa, oh grande Gabriela?”

A resposta é uma só: artifícios de Daniel Handler. Esse cara é simplesmente genial, de uma maneira tão genial que nem com toda a genialidade que me cabe, que não é muita, eu conseguiria explicar. Mais do que apaixonada pela história, eu sou apaixonada pelo jeito como ele conta a história, que é simplesmente... genial.

Daniel Handler (Por Isso a Gente Acabou, outro livro genial) é o autor por trás de Lemony Snicket. Se vocês já leram algum livro da série ou pelo menos folhearam um, sabem que o tal do Lemony Snicket é narrador, pesquisador e também personagem da história. Isso é um dos artifícios que o Handler usa pra história ficar mais convidativa. Em algumas partes, Lemony Snicket “se intromete” na história, dá os pitecos dele e depois volta a narrar normalmente, e eu adoro isso.

Daniel Handler cria também algumas formas de trazer o leitor para a história, como em dois casos que vou exemplificar aqui. Não tô com os livros em mãos então pode não ser exatamente do jeito que eu vou dizer, mas relevem, peguem o feeling da coisa. Em um dos livros, o autor escreve algo mais ou menos como “Klaus estava com tanto sono que lia a mesma frase várias e várias vezes sem perceber.  Klaus estava com tanto sono que lia a mesma frase várias e várias vezes sem perceber. Klaus estava com tant” (...). Em um outro livro, ele começa o capítulo explicando o que é um deja vu, porque ele acontece etc e tal, e quando você vira a página tem O MESMO TEXTO, ou seja, ele tá criando um deja vu pro leitor!! Genial!! Pode ser também que ele insira uma página toda em preto pra simbolizar o quão escuro determinado local estava, ou repita a palavra “nunca” por duas páginas inteiras pra dar ênfase.

Outra coisa que chama a atenção na série é que ela não tem um local/tempo definido, e que é tudo bem surreal. Ao mesmo tempo em que eles estão andando de carroça pode ser que eles usem um celular e isso é perfeitamente normal. A Sunny (um bebê de, digamos, dois anos?) pode trabalhar como secretária e isso também é perfeitamente normal.

Sem contar nas diversas pistas, dicas e charadas que vão aparecendo no decorrer dos livros. Os livros são bem fininhos e fáceis de ler, então não tem motivo pra adiar a leitura. Tá, tem um motivo sim, e esse é o preço dos livros, que costumam custar trinta reais cada um, sendo uma série de treze. Mas vale a pena, eu juro!

Então é isso, rapazes, isso foi uma intervenção. Acho que dei alguns motivos pra vocês pelo menos pensarem em ler essa série magnífica, que eu agora tenho completa. MUAHAHAHA.